Na sua origem, o Seis Sigma estava relacionado a uma medida de qualidade e uma abordagem para solução de problemas de qualidade. Na sequência, evoluiu para uma metodologia de melhoria geral do negócio (Barney, 2002).
1- Introdução
1.1 – O que é Seis Sigma?
O Seis Sigma surgiu em 1987 na Motorola, com o propósito de alcançar um elevado nível de qualidade em seus produtos, através da combinação do conceito de melhoria contínua com a prática de inovação.
Os excelentes resultados do Seis Sigma na Motorola chamou atenção de outras empresas que se interessaram pela metodologia, tais como: ABB, General Electric e Allied Signal. O Seis Sigma ganhou uma repercussão notável, quando foi adotado pela GE em 2005, que buscava a mais de cem anos passar de 10% sua margem operacional, e que em 2000 reportou a marca de 19%( Welch et AL., 2001). Este resultado chamou a atenção do mercado, e a partir daí o Seis Sigma disseminou-se rapidamente.
O Seis Sigma pode ser definido como uma metodologia que utiliza métodos estatísticos e não estatísticos integrados em uma sequência lógica, que são aplicados através de uma abordagem de gestão de projetos com o objetivo de atingir elevados níveis de desempenho, que tipicamente podem ser medidos e expressos através da variação do processo.
O Seis Sigma está relacionado com a redução de variação, que é representada pela letra grega Sigma, usada em estatística para simbolizar o desvio-padrão. Sob o ponto de vista prático, o desvio-padrão é uma estatística que avalia a variabilidade existente naquilo que está sendo avaliado (Perez- Wilson, 1998). Logo, um processo com Seis Sigma possui seis desvios-padrões entre a média e os limites de especificação.
1.2 – O que é Coaching?
Na década de 80 os programas de desenvolvimento de liderança nos EUA e Europa passaram a considerar o coaching como uma prática de impacto no mundo dos negócios, em função do seu alto retorno sobre o investimento.
Atualmente o coaching é conhecido no mundo inteiro por sua aplicação tanto no aspecto profissional (negócios, carreira e executivo) quanto no pessoal (vida, saúde, relacionamentos, finanças, esportes, entre outros).
Coaching é um processo que busca elevar a performance de um indivíduo, visando aumentar os resultados positivos por meio de metodologia específica e técnicas conduzidas por um profissional.
O profissional Coach assessora os clientes na definição dos seus objetivos, no conhecimento do que está os impedindo de ir adiante, no desenvolvimento de competências e no direcionamento de foco em ações e tônus emocional adequado para alcançar metas pessoais e profissionais.
2 – Justificativa
O propósito deste trabalho é analisar a viabilidade de contribuição do processo de Coaching na metodologia Seis Sigma.
3 – Desenvolvimento
3.1 – Características comuns
3.1.1 – Comprometimento
No Seis Sigma, o comprometimento da Liderança é essencial para que o restante da organização perceba a importância e ocorra o engajamento necessário para que o programa tenha êxito.
No Coaching, o nível de comprometimento do coachee com os objetivos estabelecidos é testado desde a primeira sessão e se torna um fator chave de sucesso no processo. Como princípio, temos que os resultados dependem 50% do Coach e 50% do Coachee.
3.1.2- Ações integradas
As ações no Seis Sigma necessitam estar integradas com as outras estratégias e ações do negócio. O Seis Sigma não deve ser considerado apenas mais um programa de qualidade e sim uma iniciativa para condução do negócio.
No processo de Coaching, os vários aspectos da vida pessoal e profissional são considerados e avaliados para validar a influência de cada fator individualmente ou associados na persecução dos objetivos estabelecidos.
3.1.3 – Análise quantitativa e pensamento estatístico
O Seis Sigma é um gerenciamento baseado em dados. O pensamento estatístico consiste na capacidade de utilização dos conceitos e ferramentas para melhorar os processos.
O processo de Coaching também se fundamenta em dados e fatos para desmistificar pensamentos bloqueadores e facilitar tomada de decisões.
3.1.4- Foco no cliente
No Seis Sigma, um esforço constante deve ser aplicado para manter o foco no cliente, o que passa por aprender sobre o cliente e também sobre o mercado em que o mesmo está inserido.
A grande vantagem do Coaching em relação ao treinamento tradicional está na individualidade do processo e na relevância dos temas abordados em cada sessão. O foco nos objetivos do Coachee ampliam a motivação e o nível de aprendizado, tornando cada sessão uma oportunidade para grandes insigths.
3.1.5 – Resultados expressivos em tempo razoável
A ênfase nos benefícios econômicos é um diferencial do Seis Sigma em relação a outras iniciativas de Qualidade. O tempo de duração de um projeto Seis Sigma deve ser em torno de três meses, não ultrapassando seis meses. O escopo do projeto deve ser limitado para que este prazo seja exequível. A expectativa de retorno de um bom projeto Seis Sigma é acima de 20 vezes o valor investido.
O processo típico de Coaching é realizado através de um ciclo de 12 sessões que podem ser semanais ou quinzenais, levando também de três a seis meses para conclusão. No quesito expressividade dos resultados, o papel do Coach está em suscitar no Coachee a motivação necessária, para que, explorando o máximo de seu potencial possa atingir alta performance.
3.1.6 – Pessoal especializado
O Seis Sigma necessita de pessoal especializado para a sua aplicação. Esses especialistas são chamados por nomes alusivos às artes marciais, como Black Belt e Green Belt.
No Coaching, o profissional Coach, é o especialista que após realizar o curso de formação teórica e comprovação de aplicação prática, recebe a certificação e está apto a exercer a função.
3.1.7 – Sistema formalizado
Um bom projeto Seis Sigma necessita de um mínimo de documentação para garantir o seu monitoramento. Esse sistema baseado em formulários e relatórios permite a visualização dos objetivos e a manutenção do rumo do projeto.
O Coaching explora ao máximo práticas reflexivas conduzidas com base em ferramentas expressas por meio de formulários, o que facilita o processo e garante o registro para consultas em qualquer etapa do processo.
3.1.8 – Reconhecimento
No Seis Sigma, a implementação de um sistema de reconhecimento por resultados, é peça chave para manter e ampliar o grau de comprometimento das pessoas visando a continuidade de sucesso do programa.
O profissonal Coach, dentre outras habilidades, deve possuir a capacidade de instilar no Coachee o auto reconhecimento, facilitando a identificação de seus pontos fortes, valorizando as pequenas conquistas e reconhecendo o progresso ao longo de todo o processo.
3.2 – O ciclo DMAIC e o modelo FARM
A maior parte dos métodos estatísticos já existem há décadas. O sucesso do Seis Sigma está na integração destas ferramentas em um ciclo denominado DMAIC.
Os objetivos de cada uma das fases do DMAIC são os seguintes:
- Fase Definição: Identificação e definição de oportunidades
- Fase Medição: Medição dos processos
- Fase Análise: Análise de dados e conversão em informações que indiquem soluções (determinação das causas)
- Fase Melhoria (Improvement): Aperfeiçoamento dos processos e obtenção de resultados (usualmente através da remoção das causas)
- Fase Controle: Manutenção dos ganhos obtidos
A estrutura básica de um processo típico de Coaching é fundamentada no modelo FARM.
- Foco : Especificação de objetivos e proposta de cada sessão
- Ação : Desenvolvimento das sessões e definição de tarefas
- Resultado: Acompanhamento e avaliação de progresso
- Melhoria contínua: Medição do aprendizado em cada sessão
4 – Conclusão
O verdadeiro poder do Seis Sigma é simples, porque combina o poder das pessoas com o poder do processo(Chowdhury,2005).
A tendência de predominância de uma abordagem técnica na implementação do Seis Sigma, pode levar a organização a direcionar foco em robustecer processos, sem considerar com apropriada relevância os aspectos comportamentais na formação e desenvolvimento de equipes.
Neste sentido, o Coaching como “um processo que busca evocar excelência nas pessoas”, pode se encaixar como a pedra angular na implementação do programa Seis Sigma, contribuindo para o equilíbrio entre a abordagem pragmática e as nuances do comportamento humano.
5 – Referências bibliográficas
Sociedade Brasileira de Coaching, Personal & Professional Coaching, Livro de metodologia, 2009. São Paulo
Chowdhury, Quem comeu o meu hambúrguer, 2005. Rio de Janeiro: Record
FCT, Apostila Black Belts volume 1, 2007. Porto Alegre